Pessoas de Fernando
Performance ao vivo
Com Manuela Melo, Margarida Dias, Gil Milheiro e Miguel Fernandes
No âmbito da disciplina de
Português, tive a oportunidade de assistir à performance ao vivo de um projeto de
interpretação dos textos de Fernando Pessoa. Este projeto, não só demonstra a
versatilidade de interpretações que estes textos podem adquirir, mas também a
conciliação das artes, música e literatura portuguesa, para elevar o interesse
destes textos e conferir-lhes valores auditivos e visuais mais atrativos para
os mais jovens.
Esta performance foi um êxito,
como era de esperar: os oradores declamaram, eloquentemente, Fernando Pessoa,
com nostalgia, inquietação e sentimento de angústia existencial, que o autor
transmite nos seus textos. Os três oradores envolveram-se, de tal forma, na sua
leitura e representação que eles próprios adquiriram as personalidades de
alguns heterónimos de Fernando Pessoa. Complementaram-se muito bem e as suas
vozes eram harmoniosas e sempre bem enquadradas com a componente musical. O
tempo foi bem aproveitado, nenhum dos momentos do espetáculo foi um momento
morto, muito pelo contrário. Emoção e sentimento foram elementos sempre
presentes. O compositor e membro da banda compôs cada música especialmente para
aqueles textos, o que se refletiu, ao longo do espetáculo, quando a banda
conseguiu representar cada momento (momentos calmos e leves contrastantes com
momentos de grande emoção, pesados e de grande afirmação no conteúdo do espetáculo)
de maneira clara, objetiva e melodiosa aos ouvidos do público.
Todos os êxitos têm pequenas
falhas, este não foi exceção. Em termos meramente funcionais, o volume e
intensidade da banda acabaram por se sobrepor às vozes dos oradores,
complicando assim a apreciação do público e exigindo um esforço extra por parte
dos oradores. A sobreposição das vozes à banda foi difícil de alcançar, mas sem
nunca se perder a essência do texto. O objetivo da performance é dar a conhecer
os textos de Fernando Pessoa e estes ficaram limitados pela componente áudio.
Sendo esta a única falha mais
exorbitante a “olho nu”, o todo foi agradável e de uma duração bastante
aceitável. Todos os presentes apreciaram o espetáculo e os aplausos no final
demoraram a cessar.